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adstera

vendredi 26 juin 2015

Carta de despedida ao meu amor.


                   Meu menino,

       Há tempos não venho cá dedicar-te palavras escritas, peço-te desculpas, sei que minhas cartas o fazia sorrir. Mas não quero que pense que só porque deixei de passar tudo que sinto pro papel, o esqueci, não esqueci. Aliás, sussurrei milhares de cartas pra ti, ao vento que de fato ouviste passar.
       Vasculhando minhas várias caixas e livros, encontrei um bocado de coisas que fizeram-me lembrar de quando o conheci, de como éramos felizes, de como o nosso amor era lindo. Quis lembrar-te de tudo hoje neste escrito…
       Nós dois, tão jovens éramos quando nos conhecemos. Lembro-me como se fosse ontem o dia em que passava por aquela floricultura, com pressa, livro nas mãos e chapéu, o mesmo havia voado e você o segurou rapidamente, foi quando encontrei teus lindos olhos, Céus, naquele mesmo instante havia me apaixonado, jamais vi moço tão belo como tu. Ah, deste-me aquela margarida branca, minha favorita até hoje.
      E todas as fases que tivemos, recordo que íamos sempre pra debaixo daquela árvore naquela praça maravilhosa, contávamos juntos, líamos, brigávamos, dormíamos, você ria das minhas meias coloridas, sempre cantava para mim: “Ó querida Clementine”. Realmente é inesquecível tudo isso, meu menino.
      Encontrei suas cartas, quão lindas são todas cheias de traços infantis. Abateu-me logo uma nostalgia. Eu contava os dias para receber cartas tuas. Ler todas aquelas frases que me escrevia, arrancava-me lágrimas, sorrisos, saudades… Mas dentre todos os teus versinhos, era a frase de saudade a que eu mais relia.
      Mais um ano vai-se agora e tu, menino, continuas em mim, tão em mim. Peço que tire os olhos do céu e pare de achar-me em estrelinhas. Sei que é o cadinho difícil, cansativo para ambos toda essa distância, todo esse tempo sem nos vermos, sei que dói.
      Peço-te desculpas, me ausentei por demais, como nuvem, me desfiz, desfiz de nós, de tudo que me lembra de ti. Mas ainda sim, mantive a parte mais importante ali, rondar-te em sonhos, continuarei. Ausentamos-nos um do outro. Pra que? Precisávamos crescer, amadurecer… Ora! Depois de tanto tempo notei, quanta bobagem! Volte já para teus brinquedos, tuas coisas que fazia em sua infância. De nada adiantou nos afastarmos, creio que dentro de cada um de nós ainda existe aqueles dois jovens que viviam sentados se beijando naquela mesma praça sempre – ó sim, teus beijos, que falta me fazem, tão doce eles eram. Queria tanto que voltasse tudo como era antes, toda noite deitado em meu peito, adormecia ali mesmo. Sinto falta de ver teus desenhos, o seu sorriso quando brincávamos com teus carrinhos, quando dizia ser meu herói e dava todos aqueles pulos do sofá. Mas mudamos, quando voltar a ser meu menininho, voltarei a ser sua eterna menininha. Que bobagem fizemos em nos afastar pra amadurecer! Gostava daqueles jovens, hoje não mais, estão mudados, adultos chatos, normais demais. Volta, meu menininho, se prometer voltar o levarei a sua praia favorita, pra acariciar os pés na areia da beira-mar. Bagunçar-te o cabelinho ajeitadinho. Para que o mar te beije, te renove, te traga de volta para mim.
        Éramos felizes assim… Que saudades tenho. Desculpe-me, mas o rapaz pelo qual me apaixonei ficou pra trás, ele se esqueceu de vir para o futuro junto a mim. Você havia dito pra eu amadurecer, que ia fazer o mesmo, veja só o que deu. Não gostei do adulto que se tornou, está monótono, por isso não te escrevi por estes tempos. Peço desculpa por não falar isso olhando em teus belos olhos, peço desculpas por partir assim também, não é do meu feito ir embora assim, mas será necessário. Irei à busca do meu menininho, ele precisa de mim. Descobri que o amo, da forma que era…
       Perdoe-me, escrevo-te estas palavras com o mar de lágrimas encharcando meus olhos, deixo-as cair neste papel, com este fim cheio de mágoas, dor. Não queria mesmo que fosse assim. Peço-te também, que não me procure mais, deixe eu esquecer, por favor, por favor.
       Não sei como farei isso, mas farei, esquecerei, seguirei minha vida, assim, aquela mesma adolescente que fui há dois anos atrás, quando me conheceu.
                                                         Tua eterna, apaixonada, menininha.
               P.S.: Eu te amo, partirei pra você encontrar seus sapatos.
        
                                                      

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